Meu mundo, 2 de fevereiro de 2013
Querido
diário…
Quantas
vezes mais eu terei de fingir que não dói, que não sinto. Pensei que deixar de
sentir me faria bem, mas estou tão vazia, tão fria, estou ainda mais triste.
Acho que não tenho mais ninguém comigo, acho que todos se cansaram da minha
cara pálida, dos meus olhos vermelhos, da minha falta de palavras. Acho que
eles só gostam de mim quando sorrio, quando falo coisas sem sentido, quando,
quando o mundo deles cai e ai eu sou uma boa escolha. É tão cansativo.
Queria ficar longe do mundo lá fora,
o mais longe e escondida que desse, e ficar perdida na minha dor, perdida na
imensidão de sentimentos e palavras. Não quero enfrentar o mundo, sinto-me tão
sozinha lá fora, tão diferente. A verdade é que sou diferente, afinal que tipo
de pessoa prefere uma madrugada no quarto a ler um livro, a uma saída louca,?
quem prefere a rotina monótona a diversidade dos momentos? Só eu. Apenas eu.
Mas no meio de tanta dor ainda
existem coisas que me fortalecem, o Vini, o Gabs, a Ge, a Bea, o Gui esses são
realmente aqueles que dão um pouco de luz a imensidão de escuridão que invade a
minha vida. Mas imagina o que têm eles em comum. Todos eles estão do outro lado
do oceano, do outro lado da tela. Dói tanto, mesmo que eu diga que não dói, que
eu estou feliz. É mentira. Eu nunca estive assim antes. Nunca soube que era tão
fraca assim. A distância é enorme, mas o sentimento é ainda maior, por isso eu
continuo aqui.
Os problemas parecem não ter mais
solução. Eles provavelmente não têm. Não quando nem um vidro cravado na pele é
capaz de aliviar, não quando o sono não chega, os dias não mudam e as lágrimas
não param. Eu preciso de bem mais que palavras. Preciso de um abraço apertado,
daqueles que nós sufocam, mas que nós fazem sentir bem, protegidos. Protegidos
do mundo lá fora, do mundo que eu tenho medo de enfrentar sozinha. Estou com
medo.
Eu sempre tenho medo, medo do
escuro, do mundo, das pessoas, das desilusões, dos filmes, da figuras
imaginárias, do espelho, da balança, das partidas, do fim, da tristeza, da
raiva. Medo de tudo o que possa me ferir. Medo do que me mantém longe da
alegria. Medo de mim, sou tão escura, tão cheia de marcas.
Não que me faltem motivos para
falar, mas vou parar, acho que não tenho mais forças para escrever, para
continuar a chorar. Preciso dormir, amanhã um longo dia me espera, uma saída
familiar, onde mais uma vez terei de fingir que tudo está bem. Odeio os
domingos onde não me posso refugiar no canto do meu quarto sozinha. É tão
difícil lidar com as pessoas, elas não me entendem. E segunda mais um dia virá,
terei de enfrentar os olhares da sociedade novamente, mas segunda é o meu dia,
o meu aniversário, quem sabe eu não serei um pouco feliz. Mentira eu não serei,
mas todos pensaram que sim, como sempre.
Obrigada, amanhã nós veremos de novo
querido diário, querido amigo.
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