O relógio deu
neste momento as doze badaladas, este é o momento em que almas esperançosas,
pessoas perdidas, sonhadoras, começam a contar cada segundo para o recomeçar de
um novo ano, de uma nova vida para alguns. Em tempos eu criei planos para um
novo ano, o dono do meu coração foi o meu desejo desde que me lembro, desde
sempre pensei que no recomeçar do ano todas as saudades, todas as deceções ficariam para trás, mas na verdade de que vale o ano começar, o mundo
recomeçar, a vida recomeçar se nós continuamos os mesmos ano após ano. Não se trata
da mudança do ano, trata-se da mudança em nós. É o mesmo que fugir dos problemas, eles podem não estar lá
agora, mas a qualquer momento estarão de volta, ou o mesmo que colocar a culpa
no amor, quando o problema é de quem te magoou, ou por culpar o ano quando na
verdade a culpa é tua, por todos os anos fazeres tudo igual. Para de culpar o
mundo, quando na verdade a culpa é tua de não mudares junto com o ano. Por isso
em vez de pedir que 2013 seja diferente, faça a diferença e mude.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
quente
Quando a
carência nos invade totalmente, quando nós tornamos mendigos de carinho, de
atenção, de amor, qualquer pessoa serve, qualquer pessoa disposta a dar um
pouco de amor, a cortar as nossas lágrimas, é capaz de nós preencher vagamente
o vazio do peito. Mas quando realmente o coração parece coberto de pequenas ilusões,
de pequenas esperanças, parece confortável e feliz, tu entendes que não é
aquilo que queres. A abundância de palavras já não é suficiente, passamos a não
querer mais as palavras que em tempo mendigamos, o carinho que em tempo nós
confortou, queremos mais que isso, queremos um amor que nós nutre, que nós
fascina pelas atitudes e que nós excita pelo calor. A verdade é que agora
ilusões permanentes não colam mais, a chuva não esfria mais o corpo, nem a voz acelera
mais o coração. Parece-me o limite, não quero mais palavras. Eu agora quero um
amor quente, doce mas quente.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
é.
Realmente a vontade que eu tenho de crescer na vida é
grande, de alcançar os meus sonhos, atingir as minhas metas. Mas está vontade
que tenho dentro do peito, está vontade de te querer por perto, de querer ser a
tua escolha, sei lá de querer caminhar pelo parque de mãos dadas, de acordar ao
teu lado, de ser o teu ombro nos dias mais tristes e a soma de sorrisos nos
dias mais alegres, a vontade de querer largar o mundo só por ti, para
finalmente realizar os planos que em altura foram mútuos e agora parecem ser só
meus. A verdade é que já não te tenho e por mais que tente nunca mais terei e
não sei o que mais dói, se o facto de te ter perdido daquela forma, se o de
nunca mais te voltar a ter. E nem sei se dói, porque de tantas coisas
malfeitas, de tantas palavras mal ditas, de tantas esperanças falhadas, de
eternidades curtas. A vontade de ficar chegava a ser grande mas as vezes a dor
superava, tal como o enorme oceano azul que nós separa, aquele que afundava as
minhas esperanças, os meus planos, os meus sonhos, aquele que levava um pouco
de paciência a cada dia, um pouco de amor a cada noite fria, vazia e carente. Eu
queria gestos, queria uma saída romântica, queria um beijo a saída da escola,
queria um abraço no meio das brigas, mas não podias dar-me mais do que
palavras, por isso elas teriam de valer por tudo, na verdade valiam, mas será
que a certa altura não deixaram de ser reais? Na verdade dói, ter ficado sem ti
no momento em que eu mais precisei, no momento em que eu pensei que tudo daria
certo, no momento em que eu me entreguei por completo. Por isso hoje não sei se
chore, se lute, se desista, não sei. A única coisa que sei neste momento é que
oceano nenhum apagara este amor.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
desabafo.
O mundo
estava mais uma vez tão longe do meu alcance e eu não ia pedir socorro não
desta vez, não nesse momento. A vontade de chorar era forte demais, queria
largar aquele peso no meu peito. Mas parecia que já nem disso era capaz, eu
estava com medo que ouvissem os meus gritos de dor e ao mesmo tempo suplicava
que alguém seguisse o som dos meus choros e me tirasse de vez desta amargura profunda.
Se alguém o fizer será capaz de chegar sem fazer perguntas, só vai levantar-me,
abraçar-me e cuidar de mim, sem perguntas, sem intenções. Mas nunca ninguém vai
seguir o som dos meus gritos, nem vai olhar no fundo dos meus olhos e ver a dor
que neles prevalece, porque ninguém sabe, melhor ninguém quer saber. E a
verdade isso é o que mais dói, o que mais mata. Desta vez já nem eu sei porque
me sinto assim, tão diferente do mundo, talvez seja só o cansaço desta rotina monótona,
destas lágrimas que não param ou não caem, deste peso no coração e ao mesmo
tempo um vazio que me esfria. Pensava ter o dom da palavra, até que nem as
palavras eram suficientes para descrever a minha dor. Mas o mundo não precisa
de saber, aliás o mundo iria rir se soubesse, por isso eu guardo a minha dor,
escondo os meus pulsos, preencho minha alma de palavras falsas e solto o peso
do coração na folha de papel.
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