sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

desabafo.


O mundo estava mais uma vez tão longe do meu alcance e eu não ia pedir socorro não desta vez, não nesse momento. A vontade de chorar era forte demais, queria largar aquele peso no meu peito. Mas parecia que já nem disso era capaz, eu estava com medo que ouvissem os meus gritos de dor e ao mesmo tempo suplicava que alguém seguisse o som dos meus choros e me tirasse de vez desta amargura profunda. Se alguém o fizer será capaz de chegar sem fazer perguntas, só vai levantar-me, abraçar-me e cuidar de mim, sem perguntas, sem intenções. Mas nunca ninguém vai seguir o som dos meus gritos, nem vai olhar no fundo dos meus olhos e ver a dor que neles prevalece, porque ninguém sabe, melhor ninguém quer saber. E a verdade isso é o que mais dói, o que mais mata. Desta vez já nem eu sei porque me sinto assim, tão diferente do mundo, talvez seja só o cansaço desta rotina monótona, destas lágrimas que não param ou não caem, deste peso no coração e ao mesmo tempo um vazio que me esfria. Pensava ter o dom da palavra, até que nem as palavras eram suficientes para descrever a minha dor. Mas o mundo não precisa de saber, aliás o mundo iria rir se soubesse, por isso eu guardo a minha dor, escondo os meus pulsos, preencho minha alma de palavras falsas e solto o peso do coração na folha de papel.

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