O mundo
estava mais uma vez tão longe do meu alcance e eu não ia pedir socorro não
desta vez, não nesse momento. A vontade de chorar era forte demais, queria
largar aquele peso no meu peito. Mas parecia que já nem disso era capaz, eu
estava com medo que ouvissem os meus gritos de dor e ao mesmo tempo suplicava
que alguém seguisse o som dos meus choros e me tirasse de vez desta amargura profunda.
Se alguém o fizer será capaz de chegar sem fazer perguntas, só vai levantar-me,
abraçar-me e cuidar de mim, sem perguntas, sem intenções. Mas nunca ninguém vai
seguir o som dos meus gritos, nem vai olhar no fundo dos meus olhos e ver a dor
que neles prevalece, porque ninguém sabe, melhor ninguém quer saber. E a
verdade isso é o que mais dói, o que mais mata. Desta vez já nem eu sei porque
me sinto assim, tão diferente do mundo, talvez seja só o cansaço desta rotina monótona,
destas lágrimas que não param ou não caem, deste peso no coração e ao mesmo
tempo um vazio que me esfria. Pensava ter o dom da palavra, até que nem as
palavras eram suficientes para descrever a minha dor. Mas o mundo não precisa
de saber, aliás o mundo iria rir se soubesse, por isso eu guardo a minha dor,
escondo os meus pulsos, preencho minha alma de palavras falsas e solto o peso
do coração na folha de papel.
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